O vice-presidente da República, Hamilton Mourão , classificou nesta quinta-feira como "ato de censura " a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal ( STF ) Alexandre de Moraes que determinou a retirada do ar de reportagem dos sites da revista Crusoé e de O Antagonista que citava o presidente da Corte, Dias Toffoli.
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"Eu já declarei que considero que foi um ato de censura isso aí. Óbvio que está no seio do Judiciário, é uma decisão tomada pelo STF e compete ao Judiciário chegar a um final disso aí tudo", disse Mourão ao portal G1 .
A matéria "O amigo do amigo do meu pai", que foi retirada do ar na última segunda-feira, revelava um documento de um processo da Lava-Jato em Curitiba em que o ex-presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht , afirmava que este era o codinome de Dias Toffoli. A decisão de Moraes faz parte de um inquérito sigiloso aberto no mês passado para apurar ataques ao Supremo.
Sobre os mandados de busca e apreensão por ordem de Moraes , o vice Mourão afirmou que o "bom senso" não está prevalecendo. Esta semana sete pessoas foram alvos de mandados expedidos pelo STF .
"Não quero tecer críticas ao Judiciário. Cada um sabe onde aperta os seus calos. Eu espero que se chegue a uma solução de bom senso nisso aí. Acho que o bom senso não está prevalecendo", afirmou o vice-presidente.
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A declaração de Mourão é similar à do ministro Marco Aurélio Mello, do STF, que também criticou em entrevistas a decisão do colega de Corte. Em visita a Gramado, no Rio Grande do Sul, Marco Aurélio classificou como "mordaça" a decisão, em declaração à "Rádio Gaúcha".
"Mordaça, mordaça. Isso não se coaduna com os ares democráticos da Constituição de 1988. Não temos saudade do regime pretérito. E não me lembro nem no regime pretérito, que foi regime de exceção, de medidas assim, tão virulentas como foi essa", disse o ministro.
Em meio à polêmica, mas sem mencionar a decisão de Alexandre de Moraes, o presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira que o país precisa da imprensa para que “a chama da democracia não se apague”.
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"Que pese alguns percalços entre nós, nós precisamos de vocês para que a chama da democracia não se apague", disse Bolsonaro, dirigindo-se à imprensa, durante seu discurso na cerimônia de comemoração do Dia do Exército no Comando Militar do Sudeste, em São Paulo.
No evento, Bolsonaro defendeu a publicação de “palavras, letras e imagens que estejam perfeitamente emanados com a verdade” e disse crer ser necessário trabalhar por isso para “um Brasil maior, grande e reconhecido em todo cenário mundial”.